José Raúl Capablanca (1888-1942)

Em 19 novembro de 1888 nasce em Havana um dos mais míticos e prodigiosos  xadrezistas de todos os tempos.Filho de um oficial do exercito espanhol e de uma dama catalã, consta que aprendeu o jogo aos 4 anos observando o pai a jogar com os amigos.Numa dessas partidas advertiu o progenitor que este havia efetuado um movimento ilegal.Surpreendido o pai desafiou-o para uma partida que o pequeno Juan ganhou, dando inicio ao trajeto lendário de Capablanca.

Com 13 anos derrotou o campeão cubano Juan Corzo.Em 1909 derrota o campeão norte americano - Frank Marshall, que 9 anos mais tarde (1918) tentou surpreender Capablanca com o gambito (que manteve em segredo durante 8 anos) que ficou conhecido como o ataque Marshall, em resposta à abertura (espanhola) Ruy Lopez. Apesar da surpresa e complexidade do sacrificio posicional, Capablanca conseguiu contraria-lo e vencer a partida.

Capablanca vs Marshall

1918

De 10 de fevereiro de 1916 a 21 março de 1924 (8 anos) Capablanca foi invencivel, conquistando o título mundial a Emanuel Lasker ( campeão mundial nos 27 anos anteriores) em 1921.Só em 1927 perde o título mundial para o russo Alekhine.

Lasker vs Capablanca (1921)

Lasker vs Capablanca (1921)

Capablanca vs Alekhine

O campeonato mundial de xadrez de 1927, em Buenos Aires, assistiu ao"match" final mais longo até então realizado (setembro a novembro), só ultrapassado em 1984 no encontro entre Kasparov-Karpov.Nesse épico encontro Capablanca perdeu o título de campeão mundial para Alhekine, contra quem nunca tinha perdido, com um score de 6 vitórias/3 derrotas/25 empates (!)

Muito se especulou sobre o motivo da derrota, o que parece claro foi que Capablanca abordou a partida com alguma sobranceria e descontração o que contrastava com a preparação rigorosa e disciplina espartana de Alekhine.

A dicotomia entre o prodígio inato e  o talento esforçado sempre apaixonou as massas, ávidas por histórias que transcendem o seu quotidiano.É indiscutível a atração do cidadão comum pelo único, o extraordinário, o inalcançável, elevando estes predestinados à categoria de semi-deuses, tocados por um talento ou habilidade "divinas" e por isso não acessiveis ao comum dos mortais.No entanto alguns "comuns" ousam desafiar esses eleitos do destino, ultrapassando, pelo esforço e rigorosa disciplina, as barreiras que os separam do "Olimpo" .Nas múltiplas dimensões da atividade humana há inúmeros exemplos de rivalidades épicas que opõem os dois extremos da excelência : a genialidade inata e descontraída versus a superação esforçada e sacrificial.

Apesar de várias vezes desafiado para um " rematch" Alekhine sempre se recusou/excusou a realizá-lo o que agudizou a já precária relação entre os dois.A rivalidade Capablanca/Alekhine foi para além do tabuleiro de xadrez, no entanto também fora dele se vincam as diferentes caracteristicas que fizeram deles xadrezista excepcionais, de um lado o temperamenta l, inusitado e mundano (Capablanca) do outro cerebral, calculista e reservado (Alekhine).

Para um conhecimento mais profundo entre estas duas personalidades que marcaram a história do xadrez sugiro o artigo de E. J.Rodriguez " Capablanca vs Alekhine: o Mozart e Salieri do xadrez ", no magazine digital Jot Down em 2 partes 

Partida final

Campeonato Mundial Buenos Aires 1927

Capablanca, El Rey

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